A Serra do Lopo é uma propriedade privada que faz parte das cadeias montanhosas da Mantiqueira, fica na fronteira entre Extrema/MG e Joanópolis/SP e é um local constantemente visitado por turistas devido sua beleza, rica em fauna podendo encontrar macaco sauá ou guigó, grande espécie de aves e rica também em flora, com espécies que chamam muita atenção.
Nosso intuito neste texto é refletir sobre o impacto visual do meio ambiente ao longo de 8 anos visitando o Pico do Lopo e visualizando como a expansão urbana e industrial tem alterado no visual ambiental tanto fauna, quanto flora, para isso utilizamos os relatórios oficiais sobre a região, relatos oficiais e minha percepção como gestora ambiental.
fonte: serradolopo.com.br
A região de Extrema possui a sub-bacia do Rio Jaguari um dos formadores da grande bacia do Piracicaba, o Rio Jaguari inclusive será o principal analisado sob o resultado dos efeitos do aumento da ação humana.
Desde 1940 houve a ocupação do local com abertura de estradas, ao longo dos anos houve aumento de casas, chácaras, loteamento e pastos, com isso veio o aumento de poluição e geração de lixo.
Utilizamos o gráfico feito pela consultora Marina Gavaldão monstra microbacia das Posses que pertence à bacia do rio Jaguari, podemos observar a mudança do solo e da água partir de 1970 enquanto há o aumento dos pastos e lavouras, e diminuição da floresta nativa representado por verde-escuro e no item “CLIMA”, temos as enchentes e chuvas torrenciais representadas a partir do t3.
Fonte: https://extrema.mg.gov.br/
E por que estamos mostrando esse gráfico de quase 14 anos atrás?
Porque o passado reflete o futuro, e vemos que a paisagem sofreu grande alteração desde as áreas utilizadas para pastos, lavouras e monocultura (exploração do solo com especialização em um só produto).
E o que podemos avaliar apenas visualizando a paisagem?
Ao verificar o entorno dos rios vemos que quase não há mais vegetação, essa vegetação é chamada de mata ciliar que funciona para proteger o entorno do rio e evitar o assoreamento (assoreamento é o acúmulo de areia, terra, rochas, lixo e outros materiais levados até o leito dos cursos d’água pela ação da chuva, do vento ou do ser humano).
Fonte: Imagem: Reprodução | TSGA/UFSC
A mata ciliar que é a faixa de área vegetal ao redor do rio representado no lado esquerdo da imagem acima:
- Auxilia na retenção de dejetos trazidos da chuva
- Minimiza o efeito das enchentes,
- Mantém a qualidade da água
- Minimiza os impactos de produtos químicos na água.
Isso é só um resumo, e um dado interessante é que São Paulo já desmatou 79% das matas ciliares de nossos rios, e o Rio Jaguari rio também abastece a população da região metropolitana de São Paulo.
Em relação ao rio Jaguari, temos a comparação feita durante 8 anos, sendo os anos de 2013, 2015 e 2020, onde podemos verificar o quanto a paisagem foi modificada:
A primeira imagem é do rio em agosto/2013, onde dá para ver já uma devastação do entorno do rio, mas ainda está cheio.
Esta imagem é de agosto/2015,onde a mata ciliar do entorno do rio já não existe, o solo está bem desgastado e é possível ver alteração possivelmente afetada pelo pasto, entre outras degradações da floresta nativa, a água também já está em menor quantidade.
Foto registrada em agosto/2020, e apesar da imagem desfocada dá para ver um ambiente mais estável no desmatamento do entorno, porém, a extensão do rio diminuiu em comparação com outras fotos.
Um projeto que poderia funcionar bem, se aplicado:
Há um projeto chamado Conservador das Águas, que teve seu início em 2005, e promover a adequação ambiental das propriedades rurais, também estão sendo utilizados outros instrumentos como a criação de unidade de conservação municipal com o incentivo à criação de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) que se caracteriza como uma unidade de conservação de uso sustentável, ou seja, o controle do acesso nas áreas naturais.
A visão dos moradores
Quando paramos para analisar a visão dos moradores através do movimento viva Jaguari, vemos que não o projeto não é tão efetivo na prática, foi denunciado por parte da população a poluição no Rio Jaguari e alegam que a empresa COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) não esta fazendo o tratamento adequado do esgoto.
Além disso, a cidade teve o aumento de indústrias, consequentemente o aumento populacional, mesmo assim o gerenciamento do esgoto da cidade não acompanhou o crescimento. A COPASA informou que trata o esgoto antes de jogar no Rio Jaguari, porém a foto a seguir diverge desta alegação:
Espuma sobre o rio, causa mau cheiro e colocando em risco atividades como a pesca, turismo e saneamento básico:
E o que tem a ver minha trilha de fim de semana na Serra do Lopo com os recursos hidrídicos de Extrema?
A verdade é que o turista não é só uma pessoa que gera empregos para uma região, ele possui responsabilidades ambientais e sociais, a Serra do Lopo tem tido número elevado de visitas, entre esses passeios, alguns visitantes deixaram lixos na trilha, abriram caminhos alternativos desnecessários, fizeram fogueiras em locais proibidos e até Rave já foi registrada no local, ato que movimentou inclusive os profissionais do meio ambiente para privatizar a Serra Do Lopo, tudo isso gera grande impacto ao meio ambiente, como vemos no texto passaram-se apenas 8 anos entre as fotos e já sentimos uma grande diferença no visual local.
Podemos ajudar no acompanhamento do projeto e cobrando do governo, participar do abaixo-assinado pelo Rio Jaguari, ajudar nas (ONG)’s que estão reflorestando o local podendo ser financeiramente ou se voluntariando aos serviços, fomentando o turismo cultural da região e claro o principal pequenas ações na hora de fazer sua trilha:
- Leve seu Lixo (até o lixo orgânico)
- Não desmate caminhos alternativos na Trilha
- Não faça fogueira
- Não leve equipamentos sonoros
- Procure utilizar o banheiro disponível na entrada (nossos dejetos também geram impacto, podendo contaminar cursos d’água e solo)
- Respeite a Fauna e flora do local.
Quer saber mais?
Avaliação da percepção ambiental e dos impactos sócio-econômicos do projeto “Conservador das Águas” Extrema, Minas Gerais, Brasil. Disponível em: https://www.extrema.mg.gov.br
Site Oficial da Serra Do lopo. Disponível em: www.serradolopo.com.br
Projeto em Extrema, MG, reconhece e paga por serviços ambientais. Disponível em: http://g1.globo.com/
Mais sobre o projeto conservador das águas. Disponível em: https://www.extrema.mg.gov.br
O nível de poluição do rio Jaguari é preocupante e mobiliza a população. Disponível em: https://tvminas.com
Auxilio de grande importância em nossa análise: Flávio Guerreiro – Condutor Ambiental há 17 anos.
Movimento Viva Jaguari. Disponível em:https://www.facebook.com/vivajaguari
ASSINE A PETIÇÃO PARA SALVAR O RIO JAGUARI. Disponível em:
https://secure.avaaz.org/community_petitions/po/Camara_Municipal_de_ExtremaMG_Salve_o_Rio_Jaguari/